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sexta-feira, 18 de maio de 2012

OS 10 CARBURADORES MAIS INTERESSANTES JÁ CRIADOS


1) O Weber duplo



Edoardo Weber pode ter criado a empresa que leva seu nome, e ser um pioneiro em carburadores de corpo duplo progressivo, com diâmetros de borboleta diferentes, onde a borboleta menor abre primeiro e depois abre a maior, para economia e desempenho num pacote único. Mas as obras-primas desta empresa italiana apareceram no pós-guerra, já quando era parte do vasto conglomerado da Fiat. Edoardo, que era fascista durante a guerra, sumiu em 1945, certamente executado por um dos vários grupos políticos extremistas que assassinaram uma série de líderes da indústria italiana ao fim da guerra.



E o carburador que, no pós-guerra, fez a Weber realmente imortal, também não era progressivo. Tem diâmetro de borboleta igual nos seus dois corpos, e estas borboletas se abrem sempre juntas, para desempenho acima de tudo. E é uma coisa linda...



Tanto em versões horizontais como verticais, esses carburadores, além de serem belíssimos (praticamente, dois tubos com um mecanismo pequeno no meio), são de uma simplicidade e facilidade de ajuste tremenda. Sua aplicação em veículos de alto desempenho foi praticamente universal antes do advento da injeção, e até hoje é um equipamento popular entre preparadores. Realmente uma obra-prima.

Decorou os melhores V-12 da Ferrari e da Lamborghini, seis deles em cada V-12. Lotus, Coventry-Climax, Cosworth, Alfa Romeo... Não existe um grande motor europeu que não ficou melhor com os Webers. Até os V-8 americanos, que tradicionalmente preferem os carburadores de corpo quádruplo, ficam exóticos e interessantes com essas coisinhas lindas. Os Ford GT40 que o digam.

Na verdade, os Weber duplos, sejam eles horizontais ou verticais, ficam bons em qualquer lugar, de mundanos Opalas e Chevettes, até exóticos Ferraris e Lamborghinis. Um clássico imortal.

2) SU



O Bob já contou aqui em detalhe aqui o funcionamento deste que é o mais inglês dos carburadores, e um dos mais geniais em seu funcionamento. Equipou praticamente tudo que veio da Inglaterra na era carburada, e mais alguns outros como Volvos e Saab suecos, e alguns japoneses sob licença. O Dodge 1800 brasileiro era equipado com um. Para mim, só o fato de três deles decorarem a lateral do seis em linha do magnificamente magnífico Jaguar E-type, já vale um lugar na lista.



3) Holley four-barrel



O clássico americano. O Holley, em suas várias versões, imitações e evoluções, têm sua casa preferida no meio de um V-8 americano. Ainda popular e produzido em volume, o Holley e o V-8 foram feitos um para o outro, e seja sozinho, em dupla, ou em cima de um gigantesco compressor GMC que atravessa o capô, é tão imortal quanto o Weber, e com ele, um dos únicos a sobreviver em produção na era da injeção, ainda que apenas para o mercado de preparação.



4) Autolite (Ford) de quatro corpos em linha


Agora um treco extremamente raro e legal: junte dois Weber duplos e se tem um Weber de corpo quádruplo, alinhado! Produzido em 1970 para ser usado em Mustangs V-8 nas competições de Trans-Am, pela Autolite, uma das divisões de autopeças do gigante americano. A foto foi tirada por Fran Hernandez, da Ford, para que a SCCA (Sports Car Club of America, promotor da série Trans-Am) acreditasse que a empresa tinha produzido a quantidade necessária para homologação.



5) Stromberg 97´s



O clássico carburador dos Ford V-8 de cabeça chata preparados. Com coletores Offenhauser ou Edelbrock, em cima de flatties tradicionais ou em exóticos Ardun, já faz parte do imaginário coletivo entusiasta mundial.



O número 97 dentro de um círculo, gravado em relevo em todo Stromberg 97, já virou acessório de moda em camisetas mundo afora, apesar de, na vasta maioria das vezes, os jovens que usam estas camisetas não façam ideia do seu significado...



6) Solex H30



Equipamento original do VW Fusca 1300, este Solex francês está aqui por dois motivos: sua simplicidade e sua versatilidade. Quantas vezes um carburador de Fusca já não resolveu insolúveis problemas em carburadores obscuros, simplesmente substituindo-os? Tenho para mim que qualquer coisa funciona razoavelmente bem se você colocar nele um Solex de Fusca... Uma coisa simples e genial.

7) O quarteto de Mikunis



Motocicletas ainda podem ser compradas com carburadores, e portanto tinha que incluir elas na lista. Pensei em colocar os Amal ingleses, umas coisinhas bem legais, mas isso aqui é ainda mais interessante. Os Mikuni monocorpo normalmente são usados em quartetos, bem abaixo da genitália do indivíduo que se aboleta numa japonesa de quatro cilindros em linha refrigerada a ar. Às vezes acompanhados de cornetas cromadas, são lindos e avassaladoramente eficientes.



8) Holley (Chrysler) Six Pack



Um carburador Holley 2300 de corpo duplo não é, sozinho, algo a ser lembrado. Mas junte três deles em um alto coletor de alumínio Edelbrock, empoleirados em cima de um V-8 Chrysler de 440 polegadas cúbicas, e têm-se a real matéria-prima com a qual se constroem as lendas. Mil e duzentos pés cúbicos por minuto de pura ferocidade incontida.


9) Zenith-Solex corpo triplo para Porsche 911



Outra cópia de Weber, mas nesse caso uma cópia alemã (produzido por uma empresa francesa) de três corpos para os primeiros 911. Deliciosamente exótico e incomum, velho fetiche meu. A Weber fez um parecido, e colocou quatro deles em cima do 12 cilindros contraposto dos primeiros Ferrari Berlinetta Boxer.



10) Tripla de DFV 446 em Opala seis cilindros



OK, todo mundo sabe que algo que veio De Ferraz de Vasconcellos (DFV), não devia estar aqui. É algo que só não foi ainda esquecido porque é motivo recorrente de piada, feito a Lucas.

Mas este aqui entra por motivos pessoais. Antes das importações voltarem a ser permitidas, quando os Opalas dominavam as ruas e estradas deste país, e o MAO era um alegre e faceiro jovem facilmente impressionável (em vez deste velho e rabugento indivíduo que vos escreve), pouca coisa era mais legal que uma tripla de DFVs num Opala cupê seis-cilindros. Sim, triplas de Weber eram ainda mais legais, mas eram tão raras e caras, que eram irrelevantes; quem as tinha são os mesmos que hoje compram um Ferrari e acabam com a brincadeira. Eu sei que tinha coisa mais legal, mas nunca tinha visto, não faziam parte do meu mundo. Já o DFV, tinha um deles debaixo do meu capô, e, portanto era íntimo dele, se é que me entendem...



Mas se um DFV sozinho era quase impossível de se fazer funcionar direito, nem dá para imaginar três em conjunto. Ainda assim, certa vez, de novo quando era mais jovem, burro e impressionável, me meti em uma competição clandestina com um cupê 76, quando tinha o meu saudoso cupê 80 250-S original. Não deu nem pro cheiro, o meu pobre Opala. O cara me deixou literalmente engasgando em sua densa poeira. Quase perdi o rumo de casa. Mas o mais impressionante não era a força daquele Opala: era o barulho.

Aquele 76 branco soava liso, mas bravo, ardido, girador, violento. E alto. Muito alto. Não só alto pelo escape, mas alto também pelo lado da aspiração do motor, um barulho como de um dragão tomando fôlego antes de soltar uma coluna de fogo. Era algo irreal, um treco como que saído das profundezas do inferno, medonho, apavorante. Crianças se agarravam na saia da mãe e cachorros fugiam com o rabo entre as pernas, seu latido silenciado debaixo daquela parede sonora. Homens crescidos davam um passo para trás, assustados. Fiquei pensando que se alguma pomba passasse voando por ali, cairia em cima do carro mortinha da silva, fulminada pelo barulho somente.

Quando o dono daquilo abriu o capô e me mostrou o trio de DFV's ali embaixo, bem... A tripla de DFV 446 ficou indelevelmente gravada no meu subconsciente como algo extremamente desejável.

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